Respect! No Problem! One Love! Jamaica para nunca mais esquecer

Que dizer da Jamaica? Essa minúscula ilha povoa nosso imaginário desde que nos conhecemos por gente. E a ilha – Bob Marley, Usain Bolt e Jimmy Cliff – é exatamente como imaginamos: alegre, sorridente, colorida, cultural, vibrante, musical, provocativa, dançante, ensolarada, cheia de energia, sorrisos e respeito. Muito respeito!

Frenchman’s Cove Beach, Porto Antonio

Palavras e expressões como hey mom, don’t worry, respect, be happy, no problem, one love e peace fazem a energia do país, embalado ao som do reggae de figuras lendárias como Bob Marley, Jimmy Cliff e Peter Tosh. País da ganja e dos rastafáris – um movimento judaico-cristão surgido no país, na década de 30, entre negros camponeses descendentes de escravos africanos  baseado na África como fonte de identidade, que surgiu num ambiente social único que existia nas Américas. Muitos Rastas, entretanto, não a consideram como uma religião, então referem-se ao Rastafári como um “modo de vida”, um estado de elevação alcançado, claro, com a ajuda da ganja, aquela planta reverenciada na ilha.

A incrível beleza natural da Jamaica, com praias espetaculares, de areia branca e águas verdes ou azuis, dependendo em qual você esteja, possui ainda centenas de belas cachoeiras, algumas que desaguam na praia, uma cadeia de montanhas chamadas Blue Mountains, onde se planta um dos melhores cafés do mundo, faz desse minúsculo país situado no Mar do Caribe ser a terceira maior ilha das Grandes Antilhas e o quinto maior país insular da região.

Doctor’s Cave Beach – Montego Bay

A Jamaica possui uma excelente estrutura de turismo, que representa uma das maiores receitas da Jamaica, recebendo cerca de 3 milhões de turistas por ano, segundo o Ministério do Turismo, que chegam em cruzeiros ou pelos aeroportos de Montego Bay e Kingston, deixando um lucro na ilha de US$ 3 bi/ano.

Dunn’s River Falls – Ocho Rios

Além das belíssimas praias, inúmeras atividades ao ar livre se concentram em Negril e Ocho Ríos, com spas, resorts com praias privativas, campos de golfe, passeios de catamarãs com festas, jet-skys, cavalgadas, caminhadas nas Blue Mountains, rafting em jangadas de bambu, mergulho em lagoas e no mar, snorkel, surf, passeios em copas de árvores e observações de pássaros.

Doctor’s Cave Beach – Montego Bay

As principais cidades para conhecer e com as melhores atrações são Montego Bay e Ocho Rios, ao norte da ilha; Port Antonio localizada no nordeste, Negril no extremo oeste e a capital Kingston, ao sul.

A História da Jamaica

A Jamaica foi descoberta pelo próprio Cristóvão Colombo  em 1494, mas já havia na ilha mais de 200 aldeias governadas por caciques.  O sul da Jamaica era já era povoado e Old Port habitada por taínos. Os taínos  foram indígenas pré-colombianos que habitavam as Bahamas, as Grandes Antilhas e as Pequenas Antilhas do Norte, no Caribe. Acredita-se que os taínos haviam se relacionado com os aruaques da América do Sul, que saíram rumo às Antilhas.

Após desembarcar ao norte, onde hoje é Discovery Bay (entre Montego Bay e Ocho Rios), Colombo reivindicou a posse da ilha para a coroa espanhola.

Montego Bay Cultural Center

Com a perseguição durante a Inquisição, a Jamaica tornou-se um refúgio para os judeus no Novo Mundo, que chegaram em 1510 fugidos da Espanha e Portugal, a maioria composta por mercadores e comerciantes. Com a chegada dos espanhóis, escravos foram trazidos da África para trabalhar na lavoura.

Emancipation Park

Mas em  1655, os espanhóis foram expulsos à força pelos britânicos, na região de Ocho Rios, em St. Ann, forçando os colonos a libertarem os seus escravos. |Os maroons, que escaparam do cativeiro, viviam dispersos nas montanhas, nos cumes das Blue Mountains. O nome maroon é usado ainda hoje pelos descendentes daqueles que enfrentaram séculos de escravidão, formaram quilombolas  e se estabeleceram em comunidades livres, no interior montanhoso da Jamaica.

Sam Sharpe Square – Montego Bay

Depois que os britânicos dominaram a Jamaica, os judeus da ilha decidiram que a melhor defesa contra uma possível tentativa de reconquista por parte da Espanha era tornar a ilha  uma base para os piratas, que aportavam em  Port Royal, próximo aonde hoje é Kingston.

Durante os primeiros 200 anos de domínio britânico, a Jamaica tornou-se uma das principais exportadoras de açúcar e uma das nações mais dependentes de escravos do mundo. Mas, no início do século XIX, o número de negros era quase 10 vezes maior do que o de brancos e após uma série de revoltas em 1838, a escravatura foi formalmente abolida.

Sam Sharpe Square – Montego Bay

A Jamaica somente se tornou independente em 1962, quando foram formados dois partidos políticos no país. Entretanto, apesar da independência, um primeiro-ministro negro assumiria o poder no país apenas em 1992.

Visita da Rainha Elizabeth II à Jamaica, em 1952 (fonte: Internet)

A Jamaica hoje é uma democracia parlamentarista e uma monarquia constitucional, tendo a rainha Elizabeth II como  monarca e um chefe de Estado jamaicano, chamado de governador-geral, cujo papel é o de administrar o cumprimento das leis e exercer outras funções do Executivo.

População

A Jamaica possui cerca de 3 milhões de habitantes, sendo sua capital Kingston, onde moram cerca de 800 mil jamaicanos. Outras cidades com mais habitantes são Spanish Town, Portmore e Montego Bay.

Escolares em Montego Bay

Economia

Além do turismo, o país é o quinto maior exportador de bauxita do mundo e suas principais exportações agrícolas da Jamaica são o açúcar, café e inhame. O rum jamaicano também é produto de exportação devido sua qualidade.

Moeda oficial

Dólar Jamaicano

Dólar jamaicano

Língua

Inglês e patois jamaicano.

Esporte

O esporte é motivo de orgulho nacional e faz  parte integrante da vida na Jamaica, com atletas de ponta em competições internacionais, principalmente no atletismo, como o herói nacional e super-atleta Usain Bolt, campeão olímpico admirado no mundo inteiro. O futebol também é um esporte muito popular na Jamaica e a seleção nacional chegou a Copa do Mundo de 1998. Rugby e críquete também são apreciados na Jamaica.

O campeão olímpico de atletismo Usain Bolt

Cinema

Apesar da ilha não ter uma produção nacional, as paisagens são cenários de inúmeros filmes famosos. Ian Fleming viveu na Jamaica e escreveu seu primeiro livro sobre James Bond usando a ilha como cenário. Filmes como 007 Contra o Satânico Dr. No  e Viva ou Deixe Morrer foram rodados em Kingston e em Oracabessa, onde morava o escritor, no norte da ilha.

James Bond Beach, em Oracabessa

Tom Cruise fez o filme Cocktail em um vilarejo chamado Fairy Hill, próximo a Port Antonio, no nordeste da Jamaica. Foi nessa região que também foi filmada A Lagoa Azul, popular filme dos anos 80 com Brooke Shield, que acabou recebendo o mesmo nome do filme. Outra produção muito popular e que se tornou um sucesso foi Jamaica Abaixo de Zero, com John Candy. O enredo se baseia na história real da equipe de  competição de bobsleigh da Jamaica, uma espécie de competição no trenó que se classificou para participar das Olimpíadas de Inverno do Canadá, em 1988.

A Lagoa Azul, em Port Antonio

The Harder They Come, de 1970, é outro filme rodado na Jamaica e dirigido pelo diretor jamaicano Perry Henzel.  É   estrelado por Jimmy Cliff  e contribuiu para torná-lo conhecido no cenário da música internacional. A juventude jamaicana  é retratada com o popular cantor como um psicopata  e frustrado músico de reggae, que comete uma onda de crimes e assassinatos.

Fonte: Wikipedia

Música

Qualidade é o que não falta na música jamaicana. O popular e cultuado reggae surgiu no final da década de 60 no país caribenho sendo seu Deus supremo Bob Marley, amado até hoje e um símbolo único na ilha. Segundo Steve Barrow,  um historiador do reggae, a palavra teria se originado da alteração do termo streggae –  “mulher fácil”, do patois jamaicano, para reggae. Bob Marley teria alegado que a palavra reggae era proveniente de um termo espanhol que se refere à “música do rei”.

O ritmo que extrapolou a pequena ilha e conquistou o mundo

O The Wailers, banda fundada por Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer em 1963, fez a transição por todos três estágios da evolução do reggae – desde hits de ska para o rocksteady mais lento, até chegar ao reggae, tornando-se conhecida internacionalmente. Além do Wailers, outros pioneiros importantes do gênero foram Desmond Dekker, Prince Buster e Jack Mitoo.

A lenda do reggae, Bob Marley e sua família

Sucesso no Brasil e quase um baiano, Jimmy Cliff, e outra banda considerada o Buena Vista Social Club jamaicano é The Jolly Boys, que descobri no Globo Repórter Jamaica, na reportagem de Glória Maria. A banda octogenária canta clássicos do rock e punk, de Iggy Pop, Lou Reed e The Clash, com arranjos de reggae, e é simplesmente espetacular. O punk bebeu do reggae e vice-versa, mas esse é tema para um futuro post.

reggae é constantemente associado ao movimento religioso rastafári e foi realmente influenciado e associado à cultura rastafariana, com temas sobre o amor e crítica sobre a desigualdade, preconceito, fome e muitos outros problemas sociais.

Estátua de Bob Marley, no museu onde era a casa do cantor, em Kington

Jamaicanos famosos: Bob Marley (cantor e compositor), Jimmy Cliff (cantor e compositor), Peter Tosh (cantor e compositor), Grace Jones (cantora), Usain Bolt (campeão olímpico), Shaggy (cantor), Patrick Ewing (jogador de basquete dos Knicks) e Marcus Garvey (ativista político).

Peter Tosh com Keith Richards, em Kingston (1978)

Famosos que moraram e pasavam temporadas na Jamaica: Keith Richards (músico), Errol Flynn (ator), Ian Fleming (escritor), Noël Coward (escritor), Graham Greene (escritor), Truman Capote (escritor), Lucian Freud (pintor), Peter O’Toole (ator), Sophia Loren (atriz) e Audrey Hepburn (atriz), Sex Pistol (banda punk), Johnny Cash e June Cash.

O ator americano Errol Flynn fazendo rafting  no Rio Grande, no norte da Jamaica, em 1950 (Fonte: Magnum)
Ian Fleming, escritor de James Bond, em Oracabessa, no norte da Jamaica (fonte: Pinterest)