A pintura do Norte da Europa, no Louvre

Betsabá, Rembrandt
A pintura do norte da Europa

O acervo de pinturas do norte da Europa é uma das mais interessantes e completas coleções do Louvre. São 1.130 obras das escolas de Flandres, Holanda, Bélgica e Alemanha, dos mais interessantes e diversos pintores como Jan van Eyck, Hieronymus Bosch, Quentin Metsys, Rogier van der Weyden, Joos van Cleve, Jacob Jordaes, Rembrandt van Rijn, Jan Vermeer, Peter Paul Ruben, Anton Van Dick, Pieter Brueghel, Albrecht Durer, Hans Holbein e Frans Hals, entre outros. Artistas austríacos e escandinavos também podem ser encontrados nessa coleção.

Os Flamengos

A interessante pintura flamenga floresceu no século 15 e se estendeu até o século 17, situada na região de Flandres, no norte da Bélgica e nos Países Baixos. A pintura primitiva flamenga surgiu focada menos no naturalismo e humanismo, que viria a dar origem ao Renascimento, e mais ao desenvolvimento de uma mentalidade burguesa com a valorização da superfície material da imagem. Os pintores do gótico primitivo foram os primeiro a valorizar a pintura à óleo.

JAN van Eyck (Maaseik, 1390 – Bruges, 1441)

A Virgem do Chanceler Rolin


























Jan van Eyck foi o principal pintor do gótico flamengo, influenciado pelo naturalismo e uma obra meticulosa e com cores muito vivas para a época. De 1425 a 1441 foi o pintor oficial da corte de Flandres, e era tão importante que foi encarregado de missões diplomáticas em outros países europeus. A Virgem do Chanceler Rolin, de 1435, foi uma encomenda do chanceler para comemorar a fundação da nova capela da família. O óleo sobre madeira está no acervo do  Louvre desde 1800.

 

Roger van der Wayden (Tournai, 1400 – Bruxelas, 1464)

Roger van der Wayden foi outro notável pintor do gótico flamengo, e foi o pintor oficial de Bruxelas. Possui duas obras no Louvre, um painel que faz parte de um tríptico, cujas laterais estão na Pinacoteca de Turim, uma obra incorporada ao acervo do Louvre em 1799. Outra obra desse pintor é o Triptyque Braque (acima).

 QUENTIN METSYS (ANTUÉRPIA, 1466-1530)

O usurário e sua Mulher, Quentin Metsys

Quentin Metsys foi um relevante pintor flamengo nascido na Antuérpia e que se destacou por sua pinturas sobre agiotas e com teor satírico. Algumas de suas obras tinham teor religioso que quase beiravam ao grotesco, salientando a avareza de banqueiros, a melancolia dos santos, a brutalidade de executores e a feiura de muitas mulheres de sua época. Em O Usurário e sua Mulher, a pintura datada de 1514, que aparece no pergaminho sobre o livro que está na estante (no alto, à direita). Os cônjuges estão juntos, ele examinando sua balança e contando seu dinheiro.  A esposa com seu livro de orações, mas com o olhar perdido no que o marido faz. Um espelho convexo está sobre a mesa, que reflete uma terceira pessoa na sala, próxima a janela

Joos van Cleve (Cleve, 1530 – Antuérpia, 1540)

Altar da Lamentação, Joos van Cleve 

 

Pintor flamengo, conhecido por combinar técnicas conhecidas de pintura tradicional dos Países Baixos com influências mais contemporâneas do Renascentismo. O quadro acima, Altar da Lamentação, foi pintado em 1520. No painel de cima, o pintor retrata a estigmatização de São Francisco de Assis, que recebeu as cinco chagas de Cristo, e no debaixo a Santa Ceia. Jos van Cleve pintou o quadro em óleo sobre tela quando tinha aproximadamente 35 anos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Joos van Cleve foi um pintor flamengo que atuou na Antuérpia, com obras de cunho religioso. o Altar da Lamentação é um tríptico do artista.

Pieter Brueguel, o Velho (Breda, 1525 – Bruxelas, 1569)




Pieter Brueghel, o Velho assim passou a se denominar para ser diferenciado de seu filho mais velho, também pintor. Homem simples, vestia-se de camponês e era extremamente cordato, sábio e discreto. Estudou na Itália para aprender o estilo daquele país, mas sua maior influência foi Hieronymus Bosch. 

Peter Paul Rubens (Siegen, 1577- Antuérpia, 1640)

 

lène Fourment e suas duas crianças. Peter Paul Rubens 








































Peter Paul Ruben foi outro pintor flamengo, mas do estilo barroco onde sua obra dava ênfase ao movimento e cor. Criado na fé calvinista, suas obras enfocavam a contra-reforma, retratos e temas mitológicos. Seu quadro lène Fourment e suas duas crianças  é de 1635.

Kermesse, Peter Paul Rubens




Kermesse é uma obra satírica, de 1635, com ninfas e sátiros, é uma inspiração no estilo do pintor alemão Brughel. A obra está na sala 21, da ala Richelieu, 2° andar e foi adquirido pelo rei  Louis XIV.

 

A obra Torneio na frente do Castelo Steen, de Ruben é de 1635 e nessa obra aparece o paisagismo realista dos países nórdicos, naquela época. Abaixo, à esquerda, Ruben retrata Maria Ana da Espanha, Rainha da França, esposa Louis XIII e mãe de Louis XIV, e à direita um retrato de outra rainha, Maria de Médici, esposa de Henrique IV, mãe de Louis XIII e avó de Louis XIV.

 
 
Rubens teve uma vida profícua, trabalhando em Mântua, Florença, Roma, Gênova, Antuérpia, Londres, Paris e Madrid, entre outros. Peter Paul Rubens era um cidadão do mundo, e como tal chegou a receber missões diplomáticas de grande importância, como promover a paz entre

   

Acima, Hércules e Ofélia, de 1602 e à direita o quadro sobre Tomyris, a rainha dos Massagetas, uma tribo da Ásia Central. Muito bela, Thomyris causou uma paixão ao rei persa Cyro que sendo rechaçado por ela, invadiu a região. Aproveitando que o exército Massageta se embebedará, os persas invadiram a trico e sequestraram o filho da rainha. Para vingar-se o suicídio do filho, Tomyris derrota os persas e Cyro é morto em batalha. A rainha manda que levem a cabeça do rei persa morto até ela, mergulhada em um tonel cheio de sangue.

 

Acima a obra A Adoração dos Magos, de 1626.

Mas as obras que mais chamam a atenção no Louvre, feitas por Peter Paul Ruben são a série de 21 passagens que foram que foram encomendas pela própria rainha da França, a rainha Maria de Médicis sobre sua vida.

       


As pinturas foram feitas para enfeitar o Palácio de Luxemburgo e contam a história da rainha desde seu destino sendo traçado,  seu nascimento e sua educação, passando pelo pedido de casamento pelo Rei Henrique IV, o casamento por procuração fazem parte da primeira série de pinturas sobre a rainha.

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Seu desembarque em Marselha, o encontro de Henrique IV e Maria de Médicis em Lyon, o nascimento do futuro Delfim em Fonteinebleau, o futuro rei Louis XIII e sua vida de casada dão seguinte a segunda parte das pinturas de Rubens.





A fase final da coleção de pinturas mostra a viuvez da rainha, sua regência a






       

Muito ligada a arte, afinal Maria era da família Medici, a rainha tinha-se em alta conta. Durante o reinado de Napoleão Bonaparte, os quadros foram retirados do Palácio de Luxemburgo e transferidos a sede do Senado. 

 

 







Em 1900 as obras passaram para o acervo do  Louvre. A coleção Galeria Medicis, sala 18, no 2° andar.


















 

Frans Hals (Antuérpia, 1580 – Harleem, 1666)

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A Cigana, Frans Hals



























Frans Hals foi um pintor belga que pintava sob uma ótica naturalista. Hals foi um grande retratista, pai de 10 filhos, teve uma vida de grandes dificuldades financeiras. Algumas das obras do artista tem inspirações caravagistas, devidos diversos artistas do norte da Europa que haviam conhecido a obra do mestre em Roma. A jovem sorridente, em primeiro plano, , possui e reflete luz, tem contraste de tons pasteis, assumindo relevo e movimento. O profundo decote identificam a jovem uma uma cortesã. A obra em óleo sobre madeira é de 1628 e está no acervo do Louvre desde 1898.


Jacob Jordaes (Antuérpia, 1593 – 1678)

Os quatro evangelistas, Jacobs Jordaes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 

 

Jacob Jordaes foi um pintor barroco belga, aprendiz de Adam van Noort, pintava temas bíblicos e religiosos antes de sua conversão ao  protestantismo. Acima, em exposição no Louvre, Os Quatro Evangelistas.

 

Antoon Van Dyck (Antuérpia, 1599 – Londres, 1641)

Karl  Ludwig x Pfalz Ruprecht

Antoon Van Dyck foi um pintor. flamengo, nascido na Antuérpia e assistente-chede de Peter Paul Ruben. Com apenas 19 anos, Van Dick era considerado por Ruben mais um auxiliar que um discípulo. Van Dick, quando saiu do atelier de Ruben, na Antuérpia, tentou um emprego na corte inglesa de Jaime I, sem sucesso.

  
Retrato equestre de Don Francisco de Moncada e Nobre Genovesa, de Van Dyck
  

Retrato de uma dama com sua filha             Retrato de pai e filho                                     Retrato de uma freira

O pintor partiu então para uma temporada em Gênova, na Itália. Em 1632, a Inglaterra já com outro rei, agora Carlos I, apreciador das artes e mecenas das artes, e que havia contratado anteriormente Ruben para pintar o teto do Whitehall Banqueting House, indicou Van Dick para ser o pintor da corte real inglesa. Van Dick aperfeiçoou sua vida exemplarmente a corte francesa, já que sempre foi um homem muito elegante, gostava de luxos e da nobreza. Van Dick recebeu o título de cavalheiro e viveu seus últimos nove anos na corte inglesa, recebe e pintando a nobreza inglesa.

   

Acima, a pintura do Martírio de São Sebastião na Floresta e Madonna com criança e doadores. Abaixo, Rinaldo e Armida.

Rinaldo e Armida




 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os Holandeses

Difícil denominar a pintura holandesa, mas até a metade do século 16, os Países Baixos pertenciam ao reino da Espanha. Durante a Idade Média, não existia muita distinção entre os Países Baixos do Norte e do Sul (arte flamenga). Muitas vezes Hieronysmus Bosch é retratado como um pintor flamengo. Porém a chamada Idade de Ouro da pintura da Holanda foi o Barroco, com Rembrandt van Rijn, Jan Steen e Veermer.

Hieronymus Bosch (Hertongenbosch, 1450 – 1516) 


                                                 A Nau dos Insensatos

Apesar de muitas vezes ser denominado como flamengo, Bosch possuía um estilo bem diferente dos demais flamengos da época. Suas obras retratavam cenas de pecado, tentação e luxúria, através de figuras grotescas, complexas, originas e simbólicas. Hieronymus serias uma das principais fontes criadoras do movimento surrealista do século XX. Em a Nau dos Insensatos, o clero é retratado por uma monja e um clérigo que tentam morder um pedaço de comida, cercado de Simão, Pedro e Josué. Ladrões tentam roubar  que está na mesa. A obra faz parte de um triprótico cuja as outras partes estão na Universidade de Yale e na National Gallery of Art. A obra faz parte do acervo do Louvre desde 1918.

Rembrandt van Rijn (Leida, 1606 – Amsterdam, 1669)

         

Um grande espaço é dedicado a Rembrandt van Rijn, um dos grandes pintores do norte da Holanda, do norte Europa, do mundo e do seu tempo.

         

Rembrandt foi um mestre na pintura de retratos, uma categoria de arte que os europeus veneravam do seu tempo. São inúmeros os autorretratos que o mestre pintou de si. Acima, quatro autorretrato que Rembrandt que estão no na sala 31, dedicada ao mestre holandês, na ala Richelieu

The Carcass on An Ox ou o Boi Esfolado, de 1657 é onde o artista investe na natureza morta, mas na pintura acima não aparecem frutas e legumes, mas a carcaça de um boi, cortada na transversal, e colocada dentro de um recinto.

Acima, uma cena religiosa intitulada Cristo se revela ao pergrinos de Emaús. Abaixo, Betsbá ao Banho, onde a modelo da pintura é Hendrickje, a companheira do pintor. O quadro foi duramente criticado por retratar uma mulher nua, não muito comum na fé calvinista holandesa.

A obra foi mais criticada também pelo abandono do conceito da perfeição renascentista da beleza harmônica, e a pintura evidencia o realismo, as imperfeições e os defeitos. A cena refere-se ao rei David que encontra Betsabá a banhar-se e, enamorado, rouba-a do marido. David estaria prestes na carta que Betsabá segura na mão.
Arcanjo Raphael
Acima, a obra do Arcanjo Raphael, de Rembrandt
 
Um verdadeiro tesouro começou a ser exposto recentemente no Louvre. As pinturas acima se chamam Portrait d’Oopjen Copitt, são de 1634 e seriam as primeira pinturas de Rembrandt. Os governos da França e da Holanda compraram os retratos em conjunto e pagaram 160 milhões de euros pelo para de pinturas. A obra estava pertencia ao acervo da família francesa Rothschild, e haviam sido expostas somente duas vezes anteriormente.
 

Johannes van Veermer (Delft, 1632-1675)

O astronômo

Outro grande pintor holandês que viveu toda sua vida sem nunca sair de sua cidade foi Veermer. Não se sabe muito da vida do artista, já que Veermer não circulou pela Europa, tampouco pelo seu país. Pai de 15 filhos, o pintor passou por um longo período de esquecimento. Morreu muito pobre, devendo dinheiro de comida para sustentar seus filhos, e sua mulher, após sua morte teve que vender seus quadros. Duas obras suas estão no Louvre. A rendeira, uma de suas famosas moças holandesas pintadas em serviços domésticos, e O Astrônomo.
 
A rendeira, Veermer

A rendeira  mostra a preferência de Veermer em retratar  as mulheres em atividades cotidianas da casa, a luz e as cores das imagens do pintor levam as personagens à perfeição. A rendeira vem em um primeiro plano, o que a faz ficar muito próxima ao espectador, que geralmente retratava suas personagens mais longes. a parede, à direita da rendeira (embora na minha foto não ficou perceptível e peço desculpas), está a assinatura do pintor e ao ano, que seria 1669-1670.
Salvador Dali ficou obcecado pela pintura A Rendeira e deu muito trabalho ao Louvre, quando resolveu fazer uma releitura do quadro e infernizou a vida dos funcionários. Salvador Dali dizia que Veermer tinha pintado um rinoceronte no quadro A rendeira, pois via no penteado da personagem uma cabeça do animal.
Os Alemães
A arte na Alemanha iniciou-se no século 10, com o surgimento das iluminuras, principalmente focada no progresso da cidade de Colônia. Entre os gravuristas e ilustradores o mais conhecido é Albert Dürer, um expoente do renascimento nórdico. No renascimento se destacaram Lucas Cranash e Hans Holbein.

Albert Dürer (Nuremberg, 1471-1528)

Autorretrato, Albrecht Durer
Autorretrato é a única obra do grande artista alemão Albrecht Dürer  na França o seu primeiro. Possuía a idade de 22 anos, e segurava na mão a flor de cardo que na época era o símbolo da fidelidade viril e da sorte no amor. A provável destinatária da pintura seria Agnes Frey, ao qual desposou no ano seguinte. O retrato foi pintado em óleo em pergaminho sobre tela e está no acervo do Musée du Louvre desde 1922. Durër foi um homem bem à frente do seu tempo, além de pintor, retratista, naturalista, desenhista, gravurista, gravador, arquiteto, possuía amplos conhecimentos de geografia, geometria, perspectiva, proporções humanas e fortificação, uma espécie de Leonardo da Vinci de seu país.

Hans Holbein, o Jovem (Augburgo, 1497 – Londres – 1543)


                    Retrato de Anna de Cleves, Hans Holbein

Filho de Hans Holbein, o Velho, sofreu forte influência do renascimento italiano, mas notabilizou-se como hábil retratista indo trabalhar na corte de Henrique VIII, na Inglaterra. Pintou os retratos das esposas do rei. Entre eles está no Louvre o de Anna de Cleves, segundo o qual o rei gostou da pintura quando a viu e resolveu toma-la como esposa. Porém pessoalmente, não era o que pensava e logo divorciou-se, essa porém não foi para na Torre de Londres e tornou-se sua amiga. Abaixo, o retrato do teólogo e humanista Erasmo de Roterdã.

           Retrato de Desiderius Erasmus, Hans Hobein

Isso é somente uma leve mostra de tudo que esta na coleção do Norte da Europa, uma belíssima coleção que você deve usufruir no Louvre.